O split payment, sistema de recolhimento automático de tributos previsto na reforma tributária, deverá entrar em operação apenas em 2027, conforme confirmado pela Receita Federal.
O tema foi destaque nos debates da Fenalaw 2025, um dos principais eventos jurídicos do país, realizado nesta semana em São Paulo.
Reforma Tributária: split payment entra em vigor em 2027
O novo modelo promete revolucionar a forma de pagamento de impostos, mas ainda gera incertezas técnicas e jurídicas entre auditores fiscais e tributaristas, que apontam desafios significativos de adaptação tecnológica, integração institucional e impactos financeiros para as empresas.
O que é o split payment e como ele vai funcionar
O split payment — ou “pagamento dividido” — é um mecanismo que permite o recolhimento automático de tributos no momento da transação comercial. Na prática, o valor do imposto será separado e transferido diretamente aos cofres públicos, sem passar pela conta do contribuinte.
O objetivo do modelo é reduzir a inadimplência e a sonegação fiscal, garantindo maior transparência e eficiência no sistema de arrecadação. O sistema está previsto para ser aplicado sobre o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) — tributos que substituirão o ICMS e o PIS/Cofins, respectivamente.
Apesar de ser considerado um dos pilares tecnológicos da reforma tributária, o split payment é também um dos pontos mais complexos da nova estrutura. O modelo depende de uma integração completa entre os sistemas da Receita Federal, instituições financeiras e o futuro Comitê Gestor do IBS, responsável por administrar a arrecadação compartilhada entre União, estados e municípios.
Desafios técnicos e operacionais
Durante os painéis da Fenalaw, auditores fiscais destacaram que o sistema exigirá grande esforço de adaptação tanto por parte do governo quanto das empresas. Entre os principais obstáculos estão a gestão de múltiplas alíquotas, as operações interestaduais e a necessidade de atualização dos documentos fiscais eletrônicos.
O funcionamento do sistema dependerá de checagens automáticas entre bancos, Receita Federal e Comitê Gestor, que confirmarão as informações fiscais antes da conclusão da operação. Caso o sistema apresente falhas no momento da transação, haverá um “backup automático” que calculará o imposto com base no valor bruto da operação.
Segundo especialistas, o modelo traz um risco de impacto no fluxo de caixa das empresas, já que o valor correspondente ao tributo será retido no ato da compra. Além disso, a previsão de devolução de valores indevidos em até três dias úteis é considerada pouco realista diante da complexidade operacional do sistema.
Dependência de regulamentação e integração entre órgãos
O adiamento do início do sistema para 2027 foi recebido com alívio moderado por parte de especialistas, que veem o cronograma como mais compatível com a estrutura necessária para a sua implantação. O Comitê Gestor do IBS ainda está em processo de formação e precisa definir como será a participação dos municípios na gestão compartilhada.
Ainda falta a publicação de normas regulamentares e infralegais que detalharão o funcionamento do split payment. Tais regras deverão ser elaboradas de forma conjunta pela Receita Federal e pelo Comitê Gestor, o que representa um desafio adicional em termos de coordenação institucional.
Especialistas alertam que, tradicionalmente, os órgãos fiscais atuam de forma isolada, o que pode dificultar a criação de um sistema unificado. A falta de integração entre as administrações tributárias é vista como um dos maiores riscos para o sucesso do projeto.
Adaptação das empresas e dúvidas sobre simplificação
Embora o split payment tenha como meta simplificar o sistema tributário, auditores e consultores tributários afirmam que, durante a fase de transição, o efeito prático será o oposto: aumento da complexidade e dos custos de adaptação.
As empresas precisarão atualizar seus sistemas de emissão de notas fiscais eletrônicas para contemplar as novas exigências, o que inclui campos específicos para o cálculo e a retenção automática dos tributos. Alguns setores, como instituições financeiras e planos de saúde, deverão enfrentar regras especiais por conta da natureza de suas operações.
Além disso, o modelo exigirá infraestrutura digital robusta e interoperabilidade entre bancos e órgãos públicos, o que demanda investimento elevado em tecnologia e segurança da informação.
Impactos esperados e próximos passos
Apesar das incertezas, o split payment é considerado uma etapa essencial para a consolidação da reforma tributária e para a modernização da administração fiscal no país. A expectativa é que, uma vez implementado, o sistema traga maior transparência, redução de fraudes e previsibilidade na arrecadação.
Até lá, especialistas defendem que o governo avance na definição de regras claras e cronogramas realistas, para que as empresas possam se preparar com segurança. O período de transição, previsto para começar em 2026, deve servir como um laboratório de testes antes da adoção definitiva do modelo em 2027.
Confira outras novidades no nosso site
Nós, do escritório Oliveira & Carvalho, trabalhamos para oferecer o serviço de consultoria tributária para empresas. Para isso, contamos com uma equipe de tributaristas, advogados, gestores, ex-auditores fiscais e professores de renomadas instituições de ensino.
Buscamos a otimização de recursos com geração de caixa, redução de custos e mitigação de riscos fiscais. Além disso, oferecemos aos nossos clientes um portfólio de projetos exclusivos.
Somos reconhecidos por nossa competência técnica e pela efetividade dos serviços prestados por nossos especialistas. Entre em contato conosco e saiba mais sobre nossa atuação.